Jean Carlos Carniel
A velha senhora enrugada e encurvada na esquina da rua central da cidade esperava, pacientemente, empunhando um velho guarda-chuva preto em suas mãos. A aparência da velha era de dor, tristeza e sofrimento. Estava passando por um período difícil em sua vida, se não fosse o pior!
O marido inválido morrera de câncer há uma semana, a morte – pensava a velha – fora boa. O homem já estava passando por tanto sofrimento em todos aqueles anos. Idas ao hospital, remédios fortes, quimioterapia... A morte era apenas um detalhe perto do tamanho do sofrimento do homem. Por isso, a morte fora boa! – pensava a velha.
A velha olhou pela terceira vez em menos de dez minutos para o relógio arcaico que dormia em seu braço. Um certo ar de ansiedade a cercava. Ansiedade e quem sabe um pouco de medo...
A vida era dura com todos, mas com ela era ainda pior. Muito sofrimento para uma pessoa só – a velha pensava. O fim estava próximo, sua hora iria chegar...
Olhando para as finas gotas de orvalho que caiam de um céu nublado e turvo, ela viu uma luz. No princípio, parecia que o sol estava se mostrando diante do temporal que estava prestes a cair, mas os minutos se passaram, e ela teve plena certeza de que não era sol. Não em um dia normal.
A luz de enorme claridade irradiava o céu escuro. Chamas de dourado e prata jorravam do céu. Enfim, Deus estava vindo diante da velha.
O fim estava próximo. – pensava a velha. Chegara à hora dela, e ela estava pontual. A velha consultou o relógio mais uma vez...
Texto extraído do livro Contos de Horror (2016), editora Clock-Book.
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